Freud e Deleuze... expandindo sintagmas psicológicos.

Por TNB.studio | 16/12/2015 | literatura
Freud e Deleuze... expandindo sintagmas psicológicos.
Começo do século XX. A era da ciência inquestionável a todo o vapor. Darwin mostrando porque e como somos diferentes. Levi-Strauss com a antropologia e seus mitos fundacionais. As coisas preto no branco. É a era das respostas firmes, precisas. Contextualizados estamos para o pensamento freudiano. Então vamos ao básico. A loucura, a depressão, a esquizofrenia são todos pontos que incomodam a sociedade moderna. Como explicar as neuras, as manias, as taras? Chega então o neurologista austríaco com as respostas. Já na formação do bebê, na barriga, em seus primeiros meses fora dela, as neuroses tomam lugar. O complexo de Édipo, tão inerte, cria a primeira rixa e o primeiro amor. A mãe como objeto de desejo dos meninos, o pai das meninas. O pai como inimigo fundamental do menino. Figuras essas que serão guardadas por toda a vida como base para o desenvolvimentos dos gostos. Com tais paixões e raiva vêm outros sentimentos primários. A sexualidade aparecendo de formas abstratas na fase oral, quando todo o prazer se dá na boca, atingindo seu ápice no ato de mamar. A fase anal, quando aos cuidados dos pais o ânus da criança é a fonte do prazer. A culpa pela rivalidade com o pai/mãe. Mais tarde esses mesmos sentimentos serão transferidos a torto e a direito para todos aqueles que lembrarem, de qualquer forma, essas figuras e esses momentos. Claro, tudo isso é bem mais complexo, mas é só um resumo. Interessante? Peguem o livro A interpretação dos sonhos (aliás, como uma edição linda e baratinha da Folha de São Paulo). Preto no branco, explicação pra tudo. Vem o inconsciente pra explicar visões, neuroses, traumas. Tudo relacionado com sexo, pai e mãe. Lindo. Isso é algo que se aplica à vida de todos, mesmo que seja pela ausência desses elementos. E a psicanálise deu seus frutos. E eles foram açucarados. Seguidores, complementos, Lacan, Jung e segue. Tudo lindo pra modernidade muito prática. Pra um modernismo fã do fim do adorno. Porém, como tudo na ciência e, principalmente, no campo das humanas, tanto acordo vai contra a lei da entropia.  Gilles Deleuze e Félix Guattari lá em 1960 começam a combater tais ideias. Não é como se elas não se aplicassem e não fossem válidas. Mas a generalização extremada, o binarismo do psicológico conduzido por isso. O preto no branco. É tudo muito antinatural. Os dois filósofos franceses apostam num mundo rizomático. E que raios é isso? Um rizoma não tem ponto central. É um amontoado de linhas que vão para todos os lados, sem um ponto de conexão central, mas com vários pontos de contato. Essas linhas podem convergir em alguns momentos, mas as linhas de fuga aparecem a todo o tempo. Para os filosofos, o pensamento, a sociedade e pretty much tudo que concerne ao ser humano é organizado, ou desorganizado, dessa forma. O binarismo foi uma forma de convergência amplamente aceita por uma sociedade basicamente cartesiana. Ele é confortável, fácil de entender. Já o rizoma é o que se aplica ao natural. É a bagunça, o múltiplo e o diferente. No anti-Édipo, Deleuze e Guattari entram num celeuma com a comunidade freudiana apontando as brechas. Segundo os autores, é fácil encontrar o que se procura. Vejam o filme O número 23 aqueles que não entendem a afirmação. Assim, é fácil procurar por sexo, papai e mamãe e encontrar em qualquer sonho, qualquer neurose e qualquer sintoma. Porém, a complexidade do pensamento vai muito além disso. Eles defendem a aceitação das múltiplas influências para a interpretação do psicológico.  E não estamos só falando das macro-estruturas do social, da religião. Mas das micro-comunidades nas quais nos inserimos, dos textos, da fome, do apreciar de uma canção. São todos fatores psicológicos que são linhas de fuga desse pensamento binário. O desejo não pode ser só papai e mamãe. O desejo é máquina do transcendental, é o produtor, a criatividade. E para se opor a essa imagem de Édipo neurótico, somente a esquizofrenia e seu poder múltiplo. O esquizofrênico como aquele que nega a estrutura fixa e castradora do Édipo. Não se deitando num divã para ser ainda mais alimentado por um sociedade já repleta do edipico. Para o esquizofrênico a perdição é a redenção no seu múltiplo. Seus desejos não são só sexo e castração. São fugas do que tem raiz, são máquinas de guerra contra a estrutura. Imagens: Ilustrador Mark Ryden.      

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