‘’A menina e o abutre’’: o calcanhar de Aquiles de Kevin Carter
Por TNB.studio | 12/06/2015 |
Fotografia
Fotografia que levou Kevin Carter ao auge de sua carreira, também foi a responsável pelo seu suicídio
O fotógrafo sul-africano Kevin Carter passava por dificuldades financeiras quando partiu para o Sudão, país recém saído de uma guerra civil, e assolado pela pobreza e a fome. Enquanto caminhava por um campo de refugiados auxiliado pela Organização das Nações Unidas (ONU), retratou a foto de uma menina deitada ao chão e um urubu a sua espreita, como se esperasse a próxima refeição.
O registro circulou o mundo, e se tornou o retrato oficial da fome da África. Obviamente, a fotografia gerou ampla comoção, por se tratar de uma realidade até então desconhecida ‘’aos olhos do mundo’’. O jornal The New York Times, o primeiro a publicar a fotografia, recebeu centenas de cartas, com questionamentos sobre o futuro da criança.
Algumas perguntas rondavam a cabeça do leitor, mas duas em específico: o que aconteceu com a criança? O fotógrafo a ajudou?
A fotografia rendeu o prêmio Pulitzer de Jornalismo para Kevin Carter, e lançou Carter para outras coberturas. No entanto, a opinião pública condenou o fotógrafo por ter registrado a fotografia ao invés de ajudar a criança.
O jornal St. Petersburg Times da Flórida, chegou a dizer que Carter era : "O homem ajustando suas lentes para capturar o enquadramento exato daquele sofrimento poderia muito bem ser um predador, um outro urubu na cena’’.
A fotografia se tornou o ‘’calcanhar de Aquiles’’ de Kevin Carter, ao mesmo tempo em que o consagrou como um dos fotógrafos mais importantes da história, também o levou a um estágio profundo de depressão. Profundamente abalado pela repercussão da fotografia e influenciado pelo seu histórico com drogas, Kevin Carter cometeu suicídio em 1994.
Anos depois, ao realizarem uma investigação sobre a historia da fotografia ‘’ a menina e o abutre’’ constatou-se que Carter captou a imagem no momento em que a menina caiu, enquanto voltava para o campo de refugiados. Por coincidência, o urubu estava parado de uma forma estratégica, que na fotografia deu a entender que ele estava prestes a realizar uma refeição. A menina da foto faleceu de ‘’febre’’ quatro anos depois do registro da fotografia.
Matérias Relacionadas
01/03/2016
A fotografia de rua de Vivian Maier
16/12/2015
Histórias fotográficas de Amos Chapple
20/10/2015
Série de fotos de pessoas que desceram as Cataratas do Niágara em um barril